Ouçam a música em: https://www.youtube.com/watch?v=ZKKu5wfL4_A
Vejam os espaços do músico em:
Página: https://www.facebook.com/heldergodinhomusic
Blogue: http://heldergodinhomusic.blogspot.pt/
Youtube: https://www.youtube.com/user/sleepyangel22
"De
música não sei muito. O meu entendimento em pouco ultrapassa a vulgar
barreira da opinião. Mas gosto de pensar que entendo da vida. Que
entendo do mundo. Que entendo de sentidos, de sentimentos, de emoções
A "Slipping",
por isso, é uma música que me sinto capaz de descrever, ainda que não -
nunca - de uma forma musicalmente informada e crítica. Sinto-me capaz
de a descrever pelo que me faz sentir, pelo que me dá, pelo que arranca
de mim. Sinto-me capaz de a descrever porque a sinto como se fosse
minha, porque me inquieta a alma e me apazigua o coração. Sinto-me capaz
de a descrever porque me faz chorar, porque me faz sorrir, porque entra
em mim, me descreve e me completa.
Então, embora não possa falar
com conhecimentos eruditos de música ou qualquer análise estrutural,
posso descrevê-la. E o que posso dizer sobre ela é isto: enquanto
escritora, a "Slipping" tem a letra que eu gostava de ter
escrito; enquanto bailarina, tem a melodia sobre a qual gostaria de ter
dançado; enquanto pessoa exemplifica a forma como, desde de menina,
sonho ser amada. Quando a ouço, sinto que posso tocar o meu passado com
as pontas dos dedos, como se fosse presente; acredito que a minha alma
se expande e quase a vejo a ondar, juntamente com o som que me invade o
quarto, a casa, o coração.
A "Slipping" é a música que ouço quando preciso de me acalmar. E é a música que me faz sorrir nos momentos (mais) tristes. "I want to be close when you can't sleep and need a heart/I give you mine, please have mine". A
letra segue e eu acredito. É uma música que me rouba a solidão e que me
dá um abraço. É uma música que me faz lembrar o aconchego quente dos
amigos e dos amores por entre as deceções da vida. E, assim, é uma
música que me lembra que, mesmo nos piores momentos, há sempre alguém
que está lá para nos amar incondicionalmente, pelo que somos, mesmo que a
vida ou as nossas escolhas nos façam escorregar para os locais mais
negros que guardamos em nós.
Não é uma música que fique pela
melodia. Não é uma música que fique pela letra. Não é uma música que
fique pela voz suave e cheia que lhe dá vida. É uma música que tem
narrativa. Uma música que tem mil narrativas diferentes. E eu
apaixono-me por todas elas cada vez que a ouço.
Na "Slipping",
Helder Godinho fez, a meu ver, o que milhares de artistas tentam (e
falham em) fazer todos os dias. Entra na alma de quem ouve, preenchendo o
coração. Subitamente, ele constata "you keep slipping" mas, ao
ouvir, a verdade é que não escorregamos mais para as falésias da
tristeza. As feridas fecham. As cicatrizes ficam escondidas. E resta a
memória de termos andado por esses mundos de amargura.
É assim que defino a "slipping".
Defino-a como se fosse sobre mim. E, definindo-a assim, vejo-a como a
música que me cura a alma. A música que me limpa o coração. A música que
me faz (sempre) continuar a acreditar no amor e num mundo melhor.
De música não sei muito, é verdade. Mas, ainda assim, sei isto: se os corações feridos tivessem voz, a "slipping" era a música que eles escolheriam cantar."
Marina Ferraz
21.11.2013