quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Artigo de opinião: "Slipping" (through my heart)

Este é um artigo de opinião sobre a música "Slipping" de Helder Godinho escrito por Marina Ferraz (http://kkadreamsland.blogspot.pt/)

Ouçam a música em: https://www.youtube.com/watch?v=ZKKu5wfL4_A

Vejam os espaços do músico em:
Página: https://www.facebook.com/heldergodinhomusic

Blogue: http://heldergodinhomusic.blogspot.pt/

Youtube: https://www.youtube.com/user/sleepyangel22


"De música não sei muito. O meu entendimento em pouco ultrapassa a vulgar barreira da opinião. Mas gosto de pensar que entendo da vida. Que entendo do mundo. Que entendo de sentidos, de sentimentos, de emoções
A "Slipping", por isso, é uma música que me sinto capaz de descrever, ainda que não - nunca - de uma forma musicalmente informada e crítica. Sinto-me capaz de a descrever pelo que me faz sentir, pelo que me dá, pelo que arranca de mim. Sinto-me capaz de a descrever porque a sinto como se fosse minha, porque me inquieta a alma e me apazigua o coração. Sinto-me capaz de a descrever porque me faz chorar, porque me faz sorrir, porque entra em mim, me descreve e me completa.
Então, embora não possa falar com conhecimentos eruditos de música ou qualquer  análise estrutural, posso descrevê-la. E o que posso dizer sobre ela é isto: enquanto escritora, a "Slipping" tem a letra que eu gostava de ter escrito; enquanto bailarina, tem a melodia sobre a qual gostaria de ter dançado; enquanto pessoa exemplifica a forma como, desde de menina, sonho ser amada. Quando a ouço, sinto que posso tocar o meu passado com as pontas dos dedos,  como se fosse presente; acredito que a minha alma se expande e quase a vejo a ondar, juntamente com o som que me invade o quarto, a casa, o coração.
A "Slipping" é a música que ouço quando preciso de me acalmar. E é a música que me faz sorrir nos momentos (mais) tristes. "I want to be close when you can't sleep and need a heart/I give you mine, please have mine". A letra segue e eu acredito. É uma música que me rouba a solidão e que me dá um abraço. É uma música que me faz lembrar o aconchego quente dos amigos e dos amores por entre as deceções da vida. E, assim, é uma música que me lembra que, mesmo nos piores momentos, há sempre alguém que está lá para nos amar incondicionalmente, pelo que somos, mesmo que a vida ou as nossas escolhas nos façam escorregar para os locais mais negros que guardamos em nós.
Não é uma música que fique pela melodia. Não é uma música que fique pela letra. Não é uma música que fique pela voz suave e cheia que lhe dá vida. É uma música que tem narrativa. Uma música que tem mil narrativas diferentes. E eu apaixono-me por todas elas cada vez que a ouço.
Na "Slipping", Helder Godinho fez, a meu ver, o que milhares de artistas tentam (e falham em) fazer todos os dias. Entra na alma de quem ouve, preenchendo o coração. Subitamente, ele constata "you keep slipping" mas, ao ouvir, a verdade é que não escorregamos mais para as falésias da tristeza. As feridas fecham. As cicatrizes ficam escondidas. E resta a memória de termos andado por esses mundos de amargura.
É assim que defino a "slipping". Defino-a como se fosse sobre mim. E, definindo-a assim, vejo-a como a música que me cura a alma. A música que me limpa o coração. A música que me faz (sempre) continuar a acreditar no amor e num mundo melhor.
De música não sei muito, é verdade. Mas, ainda assim, sei isto: se os corações feridos tivessem voz, a "slipping" era a música que eles escolheriam cantar."

Marina Ferraz
21.11.2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Across this wall

Imagem retirada da internet
     


     Atravessei as paredes... Subi os muros... Desfi-los pedra a pedra... Cada pedra uma realização, uma lembrança do que realmente sou e da estaticidade em que me encontrei. E eram imensas...
    
     Quem ergueu estas paredes? Dei-me ao trabalho de pensar que o que realmente queria não passava de uma ilusão, uma anormalidade de pensamento que por alguma razão fisiológica nunca estava em sintonia com a generalidade das pessoas. Melhor não podia haver...

     Quem ergueu estas paredes? Pensei que tivesse sido apanhado numa rede, talvez inocente, das "coisas práticas", do "construir a vida", do buscar um "objectivo" que não era o meu. Esqueci-me que não era o meu...

     Quem ergueu estas paredes? As exigências por continuar uma coisa que não era minha, teimosamente pensando que o devia fazer. Julguei-me incapaz de ultrapassar qualquer muro então fui pondo mais pedras, mais peso, mais cimento...

     Quem ergueu estas paredes? Acho que fui eu...




 

"Mas sobreviver é pouco. Não é? Acordar de manhã e rastejar até à morte. Sobreviver é não viver de todo. E também tenho medo disso. Medo de sobreviver a uma vida sem vida." 


Podem acompanhar a música com letra aqui



segunda-feira, 1 de julho de 2013

I'll see you again

  
   "Amanhã vemo-nos". Lugar comum numa despedida, livre de reflexões sobre o futuro. "Amanhã vemo-nos" diz-se quando o acaso nos favorece muitas vezes, demasiadas vezes para que pensemos no que isso quer dizer. Um dia no amanhã não nos vemos... Nesse dia pensamos na última vez que dissemos que "amanhã vemo-nos"... Os gestos que fazemos automaticamente não nos dizem o que vamos ver amanhã. As conversas curtas e triviais muito menos. Mas um dia ninguém nos vê amanhã... Pensámos em tudo o que fizemos? Pouco, muito, nada? Conhecemos quem queríamos conhecer? Deixámos o que queríamos deixar antes de avançar para outra etapa?
   Não o fazemos pelo mundo, para deixar uma marca... Fazemos ou devemos fazer por nós. Para que seja verdadeiro. Afinal "somos gotas no oceano. Penas nas asas... É tudo o que seremos. Folhas nas árvores. Uma brisa no vento. É só o que seremos."


"Mas, um dia, a caixa fecha para sempre, a criança cresce, a música pára e a morte chega. Por quanto tempo teremos de dançar ao som de ideias alheias? Por quanto tempo esperaremos a morte  com um sorriso nos lábios? Somos todos bonecos de corda." 


Podem acompanhar a música com letra aqui

quinta-feira, 13 de junho de 2013

I've been here before




    "Já aqui estive antes" diz esta música. Inspirado por memórias próprias lembradas por uma letra cativante peguei na guitarra e idealizei três acordes sustentados em cada compasso contado a três também. Não me separo do piano pois foi assim que dei asas a ser músico e compositor, mas para o primeiro tema de uma fase nova da vida, por alguma razão, peguei na guitarra.

    Com letra de Marina Ferraz, que marca bem esta nova fase de trabalho e dedicação à minha música, descobri uma sonoridade acústica e uma composição mais pausada. Acho curioso como caiu tão bem não usar a bateria, nem sequer uma viola baixo entre refrões. Criar é mesmo assim. As percussões não passam de espontâneas pancadas na guitarra, ora com a palma da mão, ora com os nós dos dedos. Agrada-me não saber o que fazer, pressionar o botão rec e fazer o que sair. Foi assim com esta música. Sim, "já aqui estive antes", mas agora estou de modo diferente.

   A letra é sobre quem "já aqui esteve antes". Onde? Só cada um saberá onde é esse lugar onde por momentos desapareceram frente ao espelho. Só cada um saberá por que janela olhou e não encontrou o que sempre lá esteve. Ouçam e pensem quantas coisas que tiveram bem guardadas nas mãos e num segundo fogem entre os dedos. De cada vez não dizem para vós próprios "já aqui estive antes"?



    "Fugiste-me por entre os dedos entreabertos das mãos vazias e deixaste a culpa atrás de ti para eu poder sufocar sozinha no mar da pergunta sólida "onde foi que eu errei?"."
                                                                                  

Podem acompanhar a música com letra aqui